visionários do neo-primitivismo

De tanto lidarem com o passado os antropólogos acabam por se convencer que trilham a estrada do futuro. Excluindo o facto da meta não se afigurar paradisíaca, se calhar não estão de todo enganados

Grandeville, Un autre monde, 1844

13 comments on “visionários do neo-primitivismo”

  1. jpt says:

    acho que tens razão. e também na última parte. eu, liberal mitigado, até acho que têm direito a novos sacralismos (ou sacramentos?), ninguém é obrigado a desmontar nada. mas pelo menos deviam mudar um pouco a melodia (e a cagança do intelecto cheio)

  2. zazie says:

    áh quanto ao dessacralizadora é que não concordo lá muito. Porque dá-me ideia que é mais para sacralizar gay que dessacralizar família “:O)))

  3. zazie says:

    e tu não fazes parte “dos intervenientes”.

  4. zazie says:

    Jpt,

    És capaz de ter razão que eu tenho uma visão muito redutora de uma coisa que conheço de forma reduzida mas o que escrevi também não foi uma análise antropolótica.
    Creio que nos entendemos todos mal.

    Este post foi uma alegoria, por assim dizer. Bastava ter colocado a imagem para exprimir o sentido do que queria dar. Que se caminha para um primitivismo social e a história dos casamentos faz apenas parte desse caminho. A bestialização advém desse triunfo do individualismo onde qualquer um acha que faz, pode e manda.

    Concordo até contigo no ponto mais importante- estamos a falar de estruturas sociais e familiares, os seus componentes inscrevem-se em modelos, não faz sentido em falar-se apenas de uns esquecendo outros.
    Simplesmente não vejo isso como bom caminho e por isso lhe chamei visionarismo neo-primitivo. E não são os antropólogos os responsáveis- é o mundo que por si só caminha para lá. Quanto muito vocês conhecem-lhes os princípios mais ou menos ingénuos. Eles- os que empurram para lá desconhecem que os fins podem ser bem diferentes.
    Espero que desta vez me tenha feito entender mas se não fiz podes voltar a perguntar que eu respondo (não desligo como outros)
    ………..

    e esse teu ponto: (“se se rompe com uma delas devido a um conjunto de revalorações eu acho que isso implica obrigatoriamente a interrogação das outras questões, da mesma forma descomprometida e dessacralizadora.” )é importante

    Como não vejo os intervenientes a questionar teoricamente nada, parto da ideia que o que lhes importa é a conquista de mais um ponto.

  5. jpt says:

    tenho andado fora disto. sou antropologo, sou. acho que tens uma concepção muito reduzida da antropologia, essa coisa das estruturas e isso – mas não me vou aqui armar em blogoliberal em enchurradas de links e teorias. acho que não percebeste bem o que quis dizer com o texto – responsabilidade dele mesmo. eu não defendo a poligamia ou o incesto. digo que o casamento na europa cristão é uma instituição que tem 3 características fundamentais – se se rompe com uma delas devido a um conjunto de revalorações eu acho que isso implica obrigatoriamente a interrogação das outras questões, da mesma forma descomprometida e dessacralizadora. no fim, digo e reafirmo, que por razões de preconceito opto por aquele tipo de casamento pelo qual a nossa sociedade optou historicamente. [ainda que intelectualmente não veja nada de mal numa legislação que permita o fim da categorização de relações incestuosas e da obrigação da poligamia] – não me parece é que essas opções devam ser consideradas como inscritas num percurso de evolução histórica – mas aí tinha que ir para os links, e para isso chegam-me as aulas
    até breve

  6. zazie says:

    jpt, se te chamei antropólogo por engano sorry. Depreendi do texto. Nunca cusco nada acerca de ninguém da blogosfera por isso o mais natural é trocar tudo. Se te chamasse traficante era pior “:OP

  7. zazie says:

    áh e trata por tu que também tratei

  8. alice says:

    Zazie, como frequento este mastro! que tem sempre umas lindas ilustrações, envio-lhe a morada de um site, que se calhar já conhece:

    http://www.coconino-world.com/s_classics_v3/index.html

    uma enciclopédia sobre ‘ narrativa gráfica, muito bom!

  9. Carlos Indico says:

    Vamos só fazer uma perguntazinha: porque é que o Bruno está com dores no baixo ventre?

  10. zazie says:

    para un autre monde como ilustrou o Grandville.

    O que nunca existe é ponte entre a visão de extrema duração antropológica e a mais byte da moda dos media.
    Uns captam muito pouco, outros excessivamente demais. Pelo meio fica a História.

  11. zazie says:

    1- A ideia que me ocorre é que só existem duas formas de escapar à História- ou pelo seu desconhecimento ou pelo excesso temporal em que a envolvem. No caso da visão antropológica fogem à história precisamente porque a reduzem a “estruturas” comportamentais fora do curso presente mais significativo.

    2-E só por isto vocês os dois lembraram-se de alargar o casamento a mais questões que a mera cena da modo homo.
    Falaram em poligamia e incesto.

    3- E é aqui que entra o visonarismo de confundir como boa utopia uma ruptura fora do que entretanto já se sedimentou – fora de qualquer conhecimento histórico das suas consequências.

    4- O neo-primitivismo é também o pós-modernismo que nos rodeia. Esquecer isso seria disparatado.
    A grande diferença está no gosto de fazer de cobaias sociedades totalmente diferentes que as que vocês estudam. Essas pararam no tempo. As outras correm contra tempo para algum lugar que se desconhece.

  12. jpt says:

    quanto ao convencido que calcorreio os trilhos do futuro, não me parece muito. este teu post é sobre a polémica da semana aí no rincão – modos de casamento. e o elo cá para as hortas decerto que por um texto sobre isso – eu aí não quero trilhar nenhum futuro. Apenas digo que se querem construir futuros em nome de princípios relidos que os apliquem mesmo, radicalmente. Porque, e está lá bem espetado, para mim “para melhor está bem, está bem, para pior já basta assim” – é ir até ao fim da tralha que logo se vê. Conservador excepto na falta de paciência para cagões armados em pensadores, manipuladores de valores afirmando-os absolutos quando são tão cerceadores como o resto, como eu.

  13. jpt says:

    gosto muito da ilustração. 1. eu (e apenas posso presumir que o avatares) não lido com o passado. apenas na medida que o passado é amanhã. 2. concordo que o futuro não é paraíso. tenho aliás a certeza absoluta. tal como lá atrás também não o vislumbro (nem em tempos pré-hominídeos – o paraíso precisa de homens para o sonhar e tropelizar em seu nome). 3. o visionários de neo-primitivismo? isso presume que algo que tenha dito seja decalque de primitivo, o que não é de todo o caso. e ainda que o que tal antes do futuro, o presente, não o seja. o que também não é o caso

Comments are closed.

↓