CREONTE:
E, mesmo assim, atreveste-te a passar por cima da lei?

ANTÍGONA:
Não foi Zeus que ma decretou, nem Diké, companheira dos deuses subterrâneos, difundiu alguma vez entre os homens leis deste tipo. Eu não acreditava que as tuas leis tenham tido tanta força, como permitir que somente um homem possa passar por cima das leis não escritas, imutáveis, dos deuses: a sua vigência não é de hoje nem de ontem, mas de sempre, e ninguém sabe quando foi que apareceram. Não iria eu atrair o castigo dos deuses por temor ao que alguém pudesse pensar: já via, aí a minha morte- e como não o fazer? — ainda que tu não tivesses decretado nada; e, se morro antes de tempo, eu digo que é vitória: quem, como eu, entre tantos males vive, não sai ganhando com a morte? Assim sendo, não é desgraça para mim ter este destino.

«Olha,vai catequisar formigas e contra-baixos… »

loooolllll Beijinhos Zazie!

ahahahah

Já não aguento mais anormalidades hoje

Olha,vai catequisar formigas e contra-baixos rabetas. Ainda te oferecem um arquitecto caloiro. Vai, que ainda é o melhor que te pode acontecer…

Onde é que a natureza escreveu as tais leis para eu as ir copiar?
Não há uma, mas várias Antígonas, como ensinou o judeu Steiner.E a de Sóflocles desafiou Creont, mas fê-lo partindo de um pormenor:o enterrar os mortos. Mas porque não queimá-los?
As leis que ela seguia não eram da natureza, nem dos deuses ( onde estão eles, onde estão eles?)mas um costume humano. O mesmo costume levou a Maria da Fonte a lutar contra os Cabrais.
Que lei nos pobriga a seguir um costume? Ou o costume é lei, ainda por cima imutável?
Outra questão é: temos o dever de nos revoltarmos contra a injustiça? A questão está subjacente, mas não é clara na resposta de Antigona a Creonte.
Porque Sófocles também não era para grandes confrontos, ao contrário do sacrílogo Euripedes.

bisou, metropolis

Fantástico, é o meu trecho preferido da peça.

Mas continuo a preferir o Eurípides, é mais badalhoco.

Já tinha reparado nessa brandura toda, ó meu burguês. Ficaste rico à conta do livro e agora é só finuras com os potenciais clientes

ahahahaha

beijoca fofa

É assim mesmo, ó Zazie: dá-lhes com o Sófocles no toutiço!
É como dares Mozart a surdos, mas não faz mal.

PS: Reparaste como ando simpático e civilizado? Antigamente diria, em vez de “Mozart a surdos”, “pérolas a pocilgas”. :O)

qu’ideia, cara— o chapa né tolinho nenhum mas está querendo me dar a volta

“:OP

Ná…

pá, não m venhas tu também com relativismos. Andámos a debater isso no Trento.

Claro que há lei natural e direito postivo. E é claro que a lei natural até pode nem estar escrita, inscreve-se no tempo longo da tradição. E é mais que óbvio que tu, meu grande safado, sabes muito bem por que fiz o post

“:OP

Vivemos tempos de jacobinismo em que a tradição é derrubada pela imposição de leis à toa. De leis, cuja única intenção consiste no apagamento da lei natural. Porque já nem se pensa em aperfeiçoamento; pensa-se apenas que a tradição é má porque impede que cada um faça o que quer

Eh… Nenhuma lei é natural, madrinha. Agora, passar por cima da lei, já acho bem: pagando o preço, como sabia o velho Thoreau.

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