“não existe um choque de civilizações, existe é um choque de ignorancias! Mas aqui pra nós, não vai dar no mesmo?”
Talvez nao, se a ignorancia for a falta de percepcao de como sao manipulados (de ambos os lados – e la’ estou com barricadas metaforicas!), ao sabor dos interesses e manigancias dos seus lideres politicos e economicos.
“E nós por cá temos muito prof universitário e muito sábio barbado a dizer que isto é o caos e que é a ditadura planetária do poder islâmico contra a nossa sagrada liberdade jornaleira. “
Os intelectuais sao os mais indoutrinados, como dizia o outro. :O))
Zaz cheguei agora, e tou cansado demais pra te responder com dignidade 🙂
Mas estive no fim da tarde numa conferencia do Prof. Dias Farinha da Fac. Letras da UL. O homem sabe muito sobre Islamismo e Arabismo. Deu uma lição a uma data de meninos do SIS (a coisa tinha a ver com terrorismo). Mas sempre pude confirmar directamente; o mundo Árabe (não falo do Islão) foi práticamente subjugado pelos Otomanos no séc.XI e caiu num adormecimento politico e até cultural; no séc.XX aconteceu o Renascimento e a aproximação à Modernidade, mas quem domina de novo são os fundamentalismos. Creio que há um ressentimento anti-colonial nos àrabes que liga a Modernidade aos antigos colonizadoes ingleeses, franceses italianos e até espanhois. A Irmandade Muçulmana (raíz da Alcaida) nascida nos anos 30 tem estatutos como uma ordem militar medieval, e pretende espalhar o Corão; O legitimidade do poder político vem de Deus e deve ser interpretada por um líder carismático (substituto de Maomé); não lembra a Pré-Modernidade Europeia?
Bem, mas fiquei muito mais humilde nisto; o AgaKhan ontem disse uma ao Sampaio, que me ficou no ouvido, não existe um choque de civilizações, existe é um choque de ignorancias! Mas aqui pra nós, não vai dar no mesmo?
é verdade, o hinduísmo e o budismo é que estão muito mais distantes mas ao contrário do que dizes não creio que o problema neste caso seja falta de valores deles. É mais perda de valores nossos. O exemplo dos jornalistas dinamarqueses em nada atesta qualquer pedagogia civilizada de superioridade civilizacional em lidar com emigrantes.
O resto não é questão filosófica mas questão de maior justiça e estrutura social mais maleável cá do que lá. Em termos generalistas porque esta dicotomia de civilizações ou de dogmas de liberdade de informação também é uma grande fraude.
Como é que categorizavas Portugal há 30 anos atrás a este respeito? não tínhamos liberdade de imprensa, sendo assim ficámos europeus em menos de meio século ainda que sempre tenhamos sido ocidentais.
A este respeito aconselho a ler o post que o José tem na Grande Loja.
E acerca destas ideias absolutas de culto fora da história também vale a pena ler o que o Paulo Varela Gomes disse. “O que me irrita é isto: «Não esqueçamos que a sátira – os romanos diziam mesmo “Satura quidem tota nostra est” – é um género particularmente querido a mais de dois milénios de cultura europeia» (do comunicado que convoca a manifestação de 5ª feira). A sério? Foi «querido» durante a Idade Média (mais ou menos 1000 anos dos dois mil de cultura «europeia»)? Não é «querido» na cultura indiana – seja o que for que estes palavrões com maiúscula subentendida querem dizer? Ou na chinesa? Ou na dos papuas da Nova Guiné? E se assumissem que a sátira é «querida» quando há forças culturais, políticas, sociais, capazes de impor o seu reconhecimento? E se assumissem – portanto – que é melhor falar de história, ou seja de contingência, do que falar, como os parvalhões dos fundamentalistas, em coisas fundamentais, intemporais, metafísicas: cultura «europeia», civilização «ocidental», cultura «muçulmana»… Atinem.”
Por isso é que me deu para gozar com este novo ídolo descoberto de um dia para o outro. A dona “liberdade de expressão”. A honra manchada dessa senhora, tadinha que até parece que é uma santa mais sagrada que o Maomé “:OP
E também não percebo porque motivo só se considera que “eles” é que são manipulados porque são inferiores e analfabetos. E nós por cá temos muito prof universitário e muito sábio barbado a dizer que isto é o caos e que é a ditadura planetária do poder islâmico contra a nossa sagrada liberdade jornaleira.
Agora acho que vou pôr o John Zorn a tocar ali ao lado. ehehehe se não os podes vencer junta-te a eles
diz-me uma coisa Zaz. Não achas os árabes (e não digo o Islão) muito mais próximos dos europeus do que outras culturas. Por exemplo a India ou a China? aí sim vejo mundovisões muito diferentes.
O código de valores árabe parece o nósso antes do século XVI; mas até no século XIX eramos parecidos em muita coisa, como por exemplo um certo conceito de honra ou a relação com as mulheres. Pois parece-me a mim (salvo erro, claro) que o mundo árabe é muito parecido com o europeu, está é atrasado na filosofia aí uns cinco séculos. E aquilo a que aspiram os scerdotes é colher o fruto material da Modernidade ocidental, sem lhe assumir os valores.
Impossivel, acho eu, só esta guerra de imagens, parecendo que a ganham na rua, já estão a perde-la a prazo. Porque acenderam consciencias.
Tudo está em mudança, nós e eles. Oxalá para melhor, mas mudanças destas sempre fizeram mártires ao molho.
o melhor é mudar de canal!
Claro que se pode desligá-los. Eu, normalmente, recorro a um botão vermelho que tenho no telecomando 🙂
“não existe um choque de civilizações, existe é um choque de ignorancias! Mas aqui pra nós, não vai dar no mesmo?”
Talvez nao, se a ignorancia for a falta de percepcao de como sao manipulados (de ambos os lados – e la’ estou com barricadas metaforicas!), ao sabor dos interesses e manigancias dos seus lideres politicos e economicos.
“E nós por cá temos muito prof universitário e muito sábio barbado a dizer que isto é o caos e que é a ditadura planetária do poder islâmico contra a nossa sagrada liberdade jornaleira. “
Os intelectuais sao os mais indoutrinados, como dizia o outro. :O))
Zaz
cheguei agora, e tou cansado demais pra te responder com dignidade 🙂
Mas estive no fim da tarde numa conferencia do Prof. Dias Farinha da Fac. Letras da UL.
O homem sabe muito sobre Islamismo e Arabismo.
Deu uma lição a uma data de meninos do SIS (a coisa tinha a ver com terrorismo).
Mas sempre pude confirmar directamente; o mundo Árabe (não falo do Islão) foi práticamente subjugado pelos Otomanos no séc.XI e caiu num adormecimento politico e até cultural; no séc.XX aconteceu o Renascimento e a aproximação à Modernidade, mas quem domina de novo são os fundamentalismos.
Creio que há um ressentimento anti-colonial nos àrabes que liga a Modernidade aos antigos colonizadoes ingleeses, franceses italianos e até espanhois.
A Irmandade Muçulmana (raíz da Alcaida) nascida nos anos 30 tem estatutos como uma ordem militar medieval, e pretende espalhar o Corão;
O legitimidade do poder político vem de Deus e deve ser interpretada por um líder carismático (substituto de Maomé); não lembra a Pré-Modernidade Europeia?
Bem, mas fiquei muito mais humilde nisto; o AgaKhan ontem disse uma ao Sampaio, que me ficou no ouvido, não existe um choque de civilizações, existe é um choque de ignorancias!
Mas aqui pra nós, não vai dar no mesmo?
beijocas 😉
Coitadinho do pinguim…
Jonh zorn é muito bom, sim senhora!Mas não sei se nos dias que passam será uma música muito “correcta” para ouvir…
cbs,
é verdade, o hinduísmo e o budismo é que estão muito mais distantes mas ao contrário do que dizes não creio que o problema neste caso seja falta de valores deles. É mais perda de valores nossos. O exemplo dos jornalistas dinamarqueses em nada atesta qualquer pedagogia civilizada de superioridade civilizacional em lidar com emigrantes.
O resto não é questão filosófica mas questão de maior justiça e estrutura social mais maleável cá do que lá. Em termos generalistas porque esta dicotomia de civilizações ou de dogmas de liberdade de informação também é uma grande fraude.
Como é que categorizavas Portugal há 30 anos atrás a este respeito? não tínhamos liberdade de imprensa, sendo assim ficámos europeus em menos de meio século ainda que sempre tenhamos sido ocidentais.
A este respeito aconselho a ler o post que o José tem na Grande Loja.
http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2006/02/cartoons-portugueses.html
E acerca destas ideias absolutas de culto fora da história também vale a pena ler o que o Paulo Varela Gomes disse.
“O que me irrita é isto: «Não esqueçamos que a sátira – os romanos diziam mesmo “Satura quidem tota nostra est” – é um género particularmente querido a mais de dois milénios de cultura europeia» (do comunicado que convoca a manifestação de 5ª feira).
A sério? Foi «querido» durante a Idade Média (mais ou menos 1000 anos dos dois mil de cultura «europeia»)?
Não é «querido» na cultura indiana – seja o que for que estes palavrões com maiúscula subentendida querem dizer? Ou na chinesa? Ou na dos papuas da Nova Guiné?
E se assumissem que a sátira é «querida» quando há forças culturais, políticas, sociais, capazes de impor o seu reconhecimento? E se assumissem – portanto – que é melhor falar de história, ou seja de contingência, do que falar, como os parvalhões dos fundamentalistas, em coisas fundamentais, intemporais, metafísicas: cultura «europeia», civilização «ocidental», cultura «muçulmana»…
Atinem.”
Por isso é que me deu para gozar com este novo ídolo descoberto de um dia para o outro. A dona “liberdade de expressão”. A honra manchada dessa senhora, tadinha que até parece que é uma santa mais sagrada que o Maomé “:OP
E também não percebo porque motivo só se considera que “eles” é que são manipulados porque são inferiores e analfabetos. E nós por cá temos muito prof universitário e muito sábio barbado a dizer que isto é o caos e que é a ditadura planetária do poder islâmico contra a nossa sagrada liberdade jornaleira.
Agora acho que vou pôr o John Zorn a tocar ali ao lado. ehehehe se não os podes vencer junta-te a eles
“:OP
Pra não estar sempre no Luis, venho praqui 🙂
diz-me uma coisa Zaz.
Não achas os árabes (e não digo o Islão) muito mais próximos dos europeus do que outras culturas.
Por exemplo a India ou a China? aí sim vejo mundovisões muito diferentes.
O código de valores árabe parece o nósso antes do século XVI; mas até no século XIX eramos parecidos em muita coisa, como por exemplo um certo conceito de honra ou a relação com as mulheres.
Pois parece-me a mim (salvo erro, claro) que o mundo árabe é muito parecido com o europeu, está é atrasado na filosofia aí uns cinco séculos.
E aquilo a que aspiram os scerdotes é colher o fruto material da Modernidade ocidental, sem lhe assumir os valores.
Impossivel, acho eu, só esta guerra de imagens, parecendo que a ganham na rua, já estão a perde-la a prazo.
Porque acenderam consciencias.
Tudo está em mudança, nós e eles.
Oxalá para melhor, mas mudanças destas sempre fizeram mártires ao molho.
agora me vou
até logo e abraços Zaz resmungona 😉
Desligá-los ou interná-los por uns tempos? Parecem-me doentitos, coitados…
por acaso, hoje cruzei-me com a dona liberdade. até me convidou para ir com ela fazer umas comprinhas…
morggie
desliga-te deles e atira-lhes uma OPA hostil 🙂